Eis algo que era para ser, esteve quase para ser, mas que, finalmente e até ver, se transformou num híbrido.
Desenvolvendo um pouco mais, e segundo a proprietária da construção, esta deveria ter sido concluída, por vários antepassados seus, para dar forma a uma habitação familiar. Após aproximadamente 100 anos, aquilo que se percebe como algo incompleto (os vãos fechados com alvenaria atestam-no), tornou-se em muro do lote para armazenamento de máquinas no interior. De um abrigo para humanos para um refúgio de instrumentos.
Interessado e de máquina na mão, a proprietária (a início algo desconfiada) acabou por me dizer que pensava pintar estas paredes. Disse-lhe que não, que, por mim, deixava-as ficar assim, como elas "vieram ao mundo". Vendo a fotografia e relembrando o episódio, continuo a achar que sim, a beleza está nessa sua pertença ao chão, de onde parece que se ergueu, para, por fim, se constituir como um lar (algo que, por enquanto, só acontece aos utensílios que a "habitam").
Sarnadas de Ródão - concelho de Vila Velha de Ródão, distrito de Castelo Branco.
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